segunda-feira, 10 de março de 2008

Love is in the air


Ah! O amor é lindo! “Consideramos justas todas as formas de amor”. Assim reza o clichê. E o amor altruísta então? O amor fraterno, amor romântico, amor místico. Ah!”Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, sem amor, eu nada seria.Carta aos Coríntios.”

O amor é o mistério da vida, é o mistério da salvação, é o mistério da contradição.“A fonte onde brota os amores grandiosamente lindos, é a mesma que alimenta os amores monstruosos e pervertidos”.Eis uma verdade que sempre pretendi abordar por aqui, mas invariavelmente me faltavam as palavras, (nada como buscar auxílio com um mestre na arte de esclarecer esse sentimento). O amor também pode ser uma fonte de ódio, pode ser ciumento, possessivo, violento, gerador de ódios e pesadelos, sim. É o amor a certas idéias pátrias e deuses e pessoas que geram atos terroristas, faz a guerra, a destruição e o caos. Alguns dos nossos maiores amores envolvem também ódios profundos, porque pode odiar-se tudo aquilo que resiste e se opõe a esse amor. Mas, isso não vem ao caso no momento. È. Contrariando o clichê, “consideramos justas, muitas formas de amor... Não todas”. Mesmo dentro do quesito amor louvável, existem formas diferentes: Existe aquele amor que sem dúvida é pra ser vivido, sentido, com todas as suas bocas, beijos, e fluidos, entranhas e matérias. E, existe aquele amor que só fica no pensamento, na imaginação, basicamente na teoria, mas tinindo feito trombeta de anjo. São os amores platônicos! Amor platônico é aquele que nunca se concretiza, que fica apenas na idéia.Esses amores perfeitos e secretos, que só existem bem lá no fundo da alma, contrariando a razão lógica. É a forma mais pura e perfeita do sentimento, esse tal de amor platônico. Pelo simples fato de jamais ser consumado, eterniza-se amor perfeito, imortal. Essa forma de amor é a mais romântica na sua essência, porque não sofre as ranhuras da convivência, das dúvidas provocadas pelas diferentes expectativas dos amantes, se mantendo intacta à distância. O amor platônico, não tem chulé, mau hálito, gripe, cansaço, mau humor, flacidez, choro de crianças, contas a pagar, feijão queimado. No amor platônico, o beijo é sempre correspondido e ardente, as idéias são mais sensatas, as palavras são mais profundas, os gestos são mais românticos, as expressões são mais serenas, com remissão dos pecados, vida eterna. Amém! Salvo raríssimas exceções, uma coisa é via de regra para todos os seres vivos racionais, homens e mulheres. Todos já sentiram ou vão sentir um dia um amor platônico. Que atire a primeira pedra, quem nunca sofreu por um amor platônico. Sim, porque esse amor é obrigatoriamente sofredor. Amor e dor, forma a receita básica dos poetas, fazem poetas, que por sua vez, fazem mais amores que esquenta a pele, acaricia a alma, afaga os cabelos e tem um cheiro doce e suave. Enquanto, torce vagarosamente a adaga fincada no peito –porque faca é vulgar demais para esse tipo de amor – para que a ferida continue sangrando. Porque é importante sangrar. Amor platônico de verdade tem que doer, tem que afogar, tem que matar aos poucos. “Agonia de amor, agonia bendita, agonia maldita. Augusto dos Anjos”. Essa é uma verdade Rodrigueana, dessas que fazem a pessoa levantar o dedo indicador e falar sozinha por um bom tempo. Ah! O amor!

Um comentário:

José Carlos disse...

São palavras de quem entende da natureza humana. O amor platônico em especial é uma fonte inesgotável de sentimentos e possibilidades.
Muito oportunas suas observações.
Parabéns!



J. Carlos