
No enorme e crescente conjunto de coisas que eu gosto está família e festa. Acho até que não exista quem não goste. Estes dois itens juntos geram uma dinâmica curiosa e inexplicável. Nada mais sublime que ver toda a família reunida na hora da ceia... é a mais pura magia... Love is in the air... Ironia que explica a teoria do caos. Sou descendente de uma nobre linhagem de italianos – mezzo muzzarela, mezzo calabreza, que quando reunidos, desencadeiam uma coletiva “incontinência verbal”. Convenhamos, a maioria das famílias é esquisita, mas, comum porque nelas existem os mesmos personagens clássicos tipo: Nem parece peruca! Ninguém me ama! Qual família que não tem um tio que quando bebe, chora como uma donzela? Ou daquela parente engraçadinha, adepta da linguagem direta e que só fala palavrão. A famosa “maria mijona”, que todas as vezes que entra em um carro tem vontade de fazer xixi. A “maria quebradeira”, aquela coitada que vive engessada, não agüenta ver um chão que vai logo de jogando de cara. Também nunca falta um adolescente emburrado, com voto de silêncio até que seus pais comprem o ultimo lançamento de qualquer coisa. Não se pode esquecer o rabugento e chato, que passa a noite olhando para um saco de pão de forma, perguntando a todo mundo, o que ele faz na fruteira se não é fruta. Há quem toma o maior porre e vomita no colo da “fofa” mais metida da festa. A desengonçada que não sai sem a calcinha da sorte. A prima burra que não sabe nada, mas sabe o jargão de tudo. A estranha tia gorda – bruxa e benzedeira – que só cozinha num daquelas panelas enormes; mais parece os caldeirões dos índios canibais, daqueles com capacidade mínima para três missionários. Toda família que se preze tem que ter um artista que toca algum instrumento, enquanto os outros cantam...Cada um canta uma música diferente... Ao mesmo tempo! Nenhuma festa de família é realmente boa, sem a presença daquele parente chato que se entope de remédios tarja preta psicodélico e vive fazendo piada de todo mundo. Só ele acha graça e sempre acaba se envolvendo brigas e sai com alguns safanões... Outro personagem comum nessas festas e a fofoqueira, que fala pelos cotovelos: “Lembra da Deti? Aquela irmã bastarda? da namorada do fulano? Como não? Ela mora na esquina daquela rua que passa em frente a sorveteria do... Bem ao lado do consultório daquele médico? especialista em... Como é mesmo o nome dele? Então, como eu dizia, a Deti está grávida... Nem te conto, grávida de um homem casado! Dizem que o pai é o marido daquela mulher que tem um defeito na perna, com um nome engraçado? vizinha da vesga? Lembra da vesga? Sofria de desarranjo intestinal... coitada!” Tem também aquele personagem exemplar, que só não deixa muito claro qual é o exemplo. As gralhas italianas gritando: “O almoço está na mesa, vem come Alexandre Ricardo, se não tu magro e feio como as modelos e morre mais feio ainda!” Corta a cena para o outro canto da mesa, onde um outro ser, ignorando os limites da imaginação, da física e da lógica, dança feito uma pomba gira, com um prato na mão e um filho apoiado na cintura: “Olha o aviãozinho!!!” Nessa hora, em que estão todos na mesa, a alegria ultrapassa os decibéis suportáveis pelo ouvido humano... Um verdadeiro manual de instruções e indução ao suicídio. Enfim, sempre no final dessas festas, quando passar a sensação do liquidificador na cabeça, a gente se dá conta que esses esquisitos personagens, contribuem - em ré maior é claro! - espontânea ou acidentalmente, para que a família se torne mais forte, mais unida e esquisitamente feliz! Isso faz a gente chorar e agradecer por cada momento ao lado deles !
Um comentário:
Familia é um novelo engraçado :D
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