
Devo ter nascido com um Karma e isso explicaria essa geração espontânea de micos extraordinários, que se tornam públicos rapidamente, e talvez por isso já não faço mais questão de (tentar) esconder.
A ultima vez (e a primeira) que acampei, envolveu malas, barracas, sobrinhas, aranha, quase enfarte, barata, cachoeira, rapel (descer rochas e paredões pendurado em uma corda), colchões, minha cara (foto) estampada no jornal que forrava o chão do banheiro masculino.
Cada um desses itens tem suas próprias histórias.
E todos estes elementos juntos contribuíram para que uma simples viagem se transformasse em uma aventura e tanto.
A primeira tarefa depois que chegamos, descarregar o carro, amontoar as tralhas em algum lugar, separar os utensílios, então já espalhados por alguma força sobrenatural, carregar as todas tralhas para o lugar escolhido (pelo irmão especialista), para armar a barraca, carregar todas as tralhas novamente para outro lugar incrivelmente mais adequado, o que dispara imediatamente o início do processo seguinte: levantar acampamento.
Esta etapa do levanta barraca lembra muito a fase “Como é que fui me meter numa fria dessas?!” acrescentando a motivação extra do irmão gritando : “ Já falei que não é assim!Ta tudo errado, desmancha tudo e começa de novo!”. Coisas continuam esparramadas de um lado, ânimos do outro... Acredite em mim, você não seria capaz de apontar qual dos processos (tarefas recebidas) seriam menos atrapalhados. Claro que deixando de lado alguns episódios mais marcantes, como ser totalmente sem noção no quesito “acampamento cult” no meio de especialistas, até que não foi muito complicado montar o circo, ops! barraca. Apenas quatro ou cinco horas após o início desta aventura, já exausta e trêmula pelo esforço, só penso: "o que diabos passava pela minha cabeça quando eu achei que este poderia ser um programa divertido?" Depois de muitas picadas de insetos, tropeções por causa dos buracos invisíveis e traiçoeiros na grama, que provocava intermináveis gargalhadas no ambiente, resolvi treinar minha capacidade de abstração. Não deu muito certo.
Alguns palavrões mais tarde, chegou a fase mais divertida... Casos e historias de fantasmas, luz da lua, violão no melhor estilo “Me leevaaamor! Por onde for quero ser teu par!”. Lá pelas tantas, depois da metade da segunda garrafa (vinho, vodka e caipirinha, não na mesma ordem), e guloseimas cheias de pecados calóricos, descubro que a noite vai ser longa. Atenta aos sons da noite, relaxo e dou a maior bandeira de que estava ouvindo a conversa de um grupo de casais ao nosso lado, quando começo a rir. Claro que disfarcei bem e concertei com uma tosse estranha, que deve ter despertado neles uma epidemia de surdez, pelo volume dos funks e que despertou em nós uma insônia daquelas. "Satisfeita?" O problema é que o terreno era uma quase rampa, e eu como mulher inteligente e moderna fiz valer meu direito de escolher pelo menos a posição da barraca. E assim, escolhi ficar com a cabeça para o lado de cima da rampa, seria mais gostoso e fácil para dormir. Quase não dormi naquela noite, passei o tempo todo tendo que subir porque o colchão e tudo mais escorregava para baixo e meus pés, ora ficavam na chuva e ora era lambido por algum ser não identificado, que acredito ser o cachorro que amanheceu bem perto (quase dentro) da barraca, que era um cubículo, só cabia 2 pessoas e muiiiito apertadas.
Ah! o silencio do amanhecer... Como é lindo acordar no meio da natureza!!! Marido, amontoado ao meu lado resmunga alguma coisa que deixei pra lá, melhor nem tentar traduzir evitar conflitos entre o ying e o yang... Justamente neste momento de harmonia com a natureza... A natureza chama... Algo não me caiu bem no jantar de ontem... Banheiro. Cadê o banheiro? Não vejo o banheiro!!! E a minha mente só conseguia pensar: "Calma. Não é o que parece. Em algum lugar deve ter banheiro”... E tinha mesmo! Mas isso é uma outra história.